segunda-feira, 5 de julho de 2010

COMA no capítulo da Broa de Avintes

26 de Junho
A Confraria dos Ovos Moles marcou presença, no capítulo da Broa de Avintes. Como o próprio nome indica os propósitos desta confraria são a defesa e divulgação da broa de Avintes e também a divulgação de obras literárias relacionadas com a cultura avintense. Foi já o 14º capítulo uma vez que foi fundada em 29/06/1997.

É de salientar que a Confraria da Broa de Avintes, tal como a nossa, faz parte do Conselho Europeo de Confrarias Enogastronômicas (CEUCO) e da Federação Portuguesa de Congrarias Gastronómicas (FPCG).

Foram muitas as confrarias presentes neste capítulo, nomeadamente, a confraria do Algarve, a Camoniana, a da Pedra, da Chanfana, do chá, do velhote, do leitão, da panela ao lume, do cabrito e da serra do caramulo, entre outras.


A cerimonia capitular teve ínicio às 16:30 com o desfile a capela até ao teatro dos Plebeus Avintenses, local onde decorreu a cerimónia de insigniação e onde foram distribuidas lembranças às confrarias presentes, momento este aproveitado para a retribuirmos com os nossos Ovos Moles.


Importa realçar o esforço que esta confraria efectua ao não cobrar qualquer valor pelo jantar-buffet servido, na Quinta do Gradouro, maganifica Quinta localizada junto ao Rio Douro.

De salientar a forma calorosa como fomos recebidos por todas as confrarias presentes, realçando a notoriedade que a nossa confraria já alcançou.

Faleceu o Confrade Alberto Souto (Confraria de S. Gonçalo)

Aveiro perdeu um Embaixador.
Os Aveirenses perderam um Amigo.
A Confraria dos Ovos Moles de Aveiro perdeu um Amigo e um Padrinho.

Hino à Amizade



O nosso Amigo António Carlos Souto deixou-nos no passado dia 22 de Junho. À sua família aqui de novo expressamos os nossos sentidos pêsames.

Para a cidade de Aveiro, a morte de Carlos Souto, constitui uma perda irreparável.

Como poucos, Carlos Souto defendeu o património cultural de Aveiro de forma intransigente, qualificada e séria, denotando, nesse seu trabalho (transbordante de prazer), um cuidado reservado apenas às pessoas inteligentes e verdadeiramente educadas: o saber preservar o passado projectando-o, efectivamente, para o futuro.

Carlos Souto, soube, de facto, com a sua alegria, educação e genialidade cativantes, criar um espírito de defesa da cultura aveirense, que não se quedou na sua valorização, diríamos, em fórmula simplória e quase primária (tão em voga nos dias que vivemos, mas que o Carlos Souto criticava certeira e incisivamente).

Sem se deixar ofuscar pelo seu próprio génio e êxito, deu-se a conhecer a todos os aveirenses, especialmente, aos mais novos. Este foi um dos seus grandes segredos (nunca escondido). Deu a conhecer a cultura de Aveiro aos mais novos. E deu-se (e deu-a) de forma integral, sem reservas, abrindo o seu imenso espólio documental, nomeadamente, familiar, à cidade de Aveiro.

Com este espírito altruísta, para além de outros serviços prestados à cidade de Aveiro, foi pedra angular na defesa dos Ovos Moles de Aveiro, aqueles que realmente são nossos, não adulterados e que honram o passado histórico desta região.

Esse mérito, embora nem sempre reconhecido (o que só atesta que Carlos Souto, como poucos, passou pela vida terrena deixando o seu cunho e génio bem vincados), ninguém lho retirará.

Foi autor de importantíssimos trabalhos escritos sobre os Ovos Moles que ajudaram a que estes viessem a obter (conjuntamente, com o esforço de todos os outros membros da Família deste nosso doce património), em Abril de 2009, o reconhecimento pela Comissão Europeia como primeiro produto português de pastelaria a adquirir a denominação de Indicação Geográfica Protegida (IGP). A Carlos Souto se deve significativa quota parte nesta conquista para Aveiro.

A nossa Confraria dos Ovos Moles foi apadrinhada, em Dezembro de 2009, pela Confraria de São Gonçalo num Iº Capítulo magnífico e inesquecível, porque a todos tocou de forma sentida.

No início de 2009, como sempre, o nosso Carlos Souto esteve na linha da frente, quando a ele (e a outros dos seus pares), transmitimos a ideia e o projecto de fundar uma Confraria que defendesse os Ovos Moles e o património cultural que os envolve.

Todos testemunhámos que Carlos Souto esteve connosco desde o primeiro minuto, sempre interessado, participando de forma entusiástica, simpática e jovial na construção de um sonho que também era o dele. Note-se que, conjuntamente com os seus Amigos Confrades de São Gonçalo, logo percebeu que a criação desta Confraria trazia consigo o potencial de preservar o passado, projectando-o no futuro. Foi assim que surgiu a Confraria mais jovem do país (apresentando uma faixa etária média que ronda os 28/30 anos).

Carlos Souto “encaixou-se” muito bem entre todos e revelava uma juventude invejável. Confraternizámos várias vezes e sempre discutimos o que havia e o que há a fazer pelos Ovos Moles. Uma das (muitas) últimas ideias discutidas, para se perceber o entusiasmo do Amigo Carlos Souto, prendeu-se com a necessidade (e, no seu entender, dever moral) de que todos os menus dos restaurantes aveirenses deveriam apresentar uma sobremesa confeccionada com Ovos Moles (de preferência tradicional).

Temos consciência da nossa sorte e um enorme orgulho no acompanhamento que merecemos do Carlos Souto. Mas também estamos conscientes de que esse acompanhamento nos deixa uma enorme responsabilidade: dar a conhecer a Família dos Ovos Moles e este nosso maravilhoso doce (com a cultura que arrasta consigo) ao país e ao mundo.

Comungando deste princípio orientador, no primeiro Aniversário da Confraria, já em Abril deste ano, o Carlos Souto participou activamente connosco num jantar que reuniu todos aqueles que se dedicam à defesa intransigente do nosso doce conventual (a Família dos Ovos Moles): os produtores dos Ovos Moles, das hóstias e das barricas, assim como, os amigos autores de trabalhos escritos sobre o doce. Foi de facto mais um momento único e muito bem vivido.

Assumimos pois o compromisso de honrar o Confrade Carlos Souto.

No dia do funeral o Carlos Souto sentiu, com toda a certeza, o carinho de muitos dos seus amigos e de muito a gente nova (muita mesmo) que não quis deixar de estar presente.

Nesse dia assistimos a um momento triste mas ao mesmo tempo, porque não dizê-lo, inesquecível: testemunhámos a Amizade no seu estado fundamental, puro, sem reservas, verdadeiro, aquela capaz de unir os homens bons para sempre. Foi uma genuína lição de vida. É que os amigos do peito do Carlos Souto, emocionados, mas cheios daquela força da Amizade, cantaram para (e com) ele, uma última canção da Confraria de São Gonçalo, o seu Hino. E no final, depois de ser lido um maravilhoso texto de homenagem, fez-se silêncio, e ouviu-se, de um dos seus Amigos Confrades de São Gonçalo (em nome de todos): “Souto, és o nosso maior Amigo!”.

Sejamos nós, todos os que assistiram à cerimónia, um dia capazes de dar este testemunho aos que a seguir a nós virão. Acredite-se ou não, vai ser mesmo muito difícil, de tão extraordinário que aquele momento foi.

Deixamos pois aqui a nossa sentida homenagem a este Homem tão especial, o também nosso, António Carlos Souto.