sábado, 17 de março de 2012

Conferência promovida pela Confraria leva Aveirenses a Viagem Histórica “...do Barro ao Convento”.

Coincidente com o início do mês de festividades por mais um aniversário desta associação cultural aveirense, a cerimónia capitular confrádica mensal de Março brindou a comunidade aveirense com um modelo aberto de participação cívica e cultural pluridisciplinar.

Imbuídos do contexto histórico omnipresente na sala de plenário do edifício sede da Assembleia Municipal, a Confraria promoveu no último dia 17 uma palestra de elevado rigor / investigação histórica, sob a égide do reputado engenheiro geólogo Paulo Morgado, figura incontornável da nossa cidade, com inúmeras publicações livrescas e intervenções de cidadania. Desta feita, o tema “Aveiro, do barro ao convento.

A argila, a cerâmica, o açúcar e os ovos moles...”, reportou a deleitada assistência a uma viagem através dos séculos, cruzando diferentes áreas do saber, continentes/fronteiras e imagens/documentos históricos de relevo, versando aspectos da indústria cerâmica das antigas “formas de pães-de-açucar”, as quais se cruzam/fundem inevitavelmente com a história da doçaria conventual regional e do nosso ex-libris em particular.

A mestria do orador reforçou o caráter de partilha sempre presente na reunião confrádica, interagindo com toda a assistência que, numa noite fria e chuvosa de Inverno, anuiu ao convite confrádico para assim evoluir culturalmente nas temáticas que à Cidade dizem respeito.

Haveria ainda ocasião de apreciar, ao vivo, algumas peças arqueológicas centenárias em barro (“formas de pães-de-açucar”), descobertas em escavações subaquáticas recentes na Ria de Aveiro, ocasião única para muitos dos presentes na plateia.
A noite não terminaria sem um espaço tertuliano de interacção com a participativa assistência, ficando a promessa da Confraria de replicar este modelo capitular aberto, quiçá fazendo um périplo pela trilogia dos ingredientes dos Ovos Moles de Aveiro.

O encerramento formal ocorreu
com a degustação do ex-libris certificado, cortesia dos produtores, fazendo jus à fama e comprovando a  actualidade e procura desta iguaria conventual.


A história revisitada de um dos 3 ingredientes “milagrosos”


O açúcar, além da utilização culinária, mereceu pelas freiras oitocentistas de
um tratamento especial, aquando da associação ás gemas e à água, na feitura de um “milagroso produto terapêutico”: o precursor dos nossos actuais Ovos Moles.
Assim, tributo seja feito a este ingrediente-chave da doçaria em geral e, aveirense, em particular. Documentos do século XVII dizem-nos que eram fabricados pães-de-açucar em miniatura para servir de enfeite nas mesas abastadas de festa. Isto mesmo testemunha a Arquiduquesa Carlota, que na sua estadia na Madeira (21 de Fevereiro de 1860) foi a um jantar de gala no Palácio de São Lourenço, descrevendo-o da seguinte forma: “... tudo quanto se encontrava sobre a toalha, cqandelabros, centro, desaparecia quase debaixo
de uma profusão de flores, que substituíam graciosamente a riqueza metálica e ás quais serviam de complemento pães-de-açucar com diversas bandeirinhas”.

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